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As famosas cabeças de cerâmica da mestra Cida são frutos de uma história de muita dedicação e sacrifício. Com apenas oito anos de idade, Maria Aparecida de Cida Lima, de 49 anos, começou a moldar o barro para ajudar a família no sustento da casa. Nascida e criada no município de Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco, terra berço de uma verdadeira riqueza artesanal, ela não mediu esforços para ver o bem dos seus familiares.
“Com oito anos eu já fazia as peças direitinho. Fazia pra comprar roupa, calçado, comida e pra ajudar minha vó (...) Lembro que a gente catava os restos de terra que o pessoal deixava, aguava, pra depois fazer as pecinhas pequenas. Dava pra fazer panela, tigela e jarras de colocar água”.
A mestra lembra que até os 14 anos de idade ela dividia seu tempo entre o trabalho no barro e como faxineira na casa de outras pessoas, mas o dinheiro que ganhava na época não dava rendimento. “A gente trabalhava, mas o dinheiro não dava pra se manter. Só dava pro feijão e pra farinha”.
Em 2005, Cida teve uma reviravolta em sua trajetória, quando conheceu a artista plástica Ana Veloso, que na época coordenava o projeto Estado de Arte, da Secretaria de Cultura de Belo Jardim, cujo objetivo era revitalizar a produção artesanal do município e estimular a potencialidade dos artesãos do local.
“Ela falou que era pra gente mudar o trabalho e fazer as peças como artesanato, porque a gente chamava de louceiro (em referência as panelas de barro). A gente não sabia nem o que era artesanato na época”. Ana Veloso gostou tanto do trabalho de Cida que se comprometeu em ajudá-la a melhorar sua arte. “Com a mudança do trabalho eu vi que nossa vida ia melhorar”.
Após as dicas de Ana Veloso, ela começou a fazer travessas, cuscuzeiras, e passou a produzir as famosas cabeças de barro, que traz uma verdadeira feição com nariz, orelha e um acabamento impecável. “As cabeças foram criadas por mim e por meu filho Jailson, e Ana disse que a gente ia conseguir muito dinheiro vendendo elas”.
Cida não acreditou muito na afirmação de Ana Veloso, mas foi puro engano. Quando saiu pra vender as cabeças no centro da cidade voltou pra casa com quase mil reais no bolso. “Eu nunca tinha visto tanto dinheiro assim”.
Com o sucesso das cabeças, Cida não parou mais. Em 2011 ela já entrou na Fenearte como mestra artesã, e todos que passam na Alameda dos Mestres da Feira se encantam com o trabalho dela. “Eu sou uma pessoa realizada. Eu nunca pensei que por causa desse trabalho meu eu fosse chegar até onde cheguei”.
Comprimento: 8cm
Largura: 9cm
Altura: 13cm